O Brasil precisa planejar seu crescimento. E com urgência!

Floresta de bambu

Por Rogério Campos Meira *

Existe um autor, Frank Caplan, que escreveu – ainda em 1980 – um livro chamado “The Quality System”. Nessa obra, um dos elementos do Sistema de Gestão por ele sugerido – e que eu reputo como um do mais RELEVANTES – é o “Planejamento do Crescimento”.

Resumidamente, a mensagem é: os controles atuais que Organizações (e o Estado, por que não?) possuem foram desenhados e são (ou podem ser) eficazes, para uma certa dimensão, um certo volume.

Temos a tendência de raciocinar de maneira linear e adoramos as “regras de três”.

Assim, se determinadas exigências (incluindo de inspeções) funcionavam para assegurar a estabilidade de algumas poucas barragens (apenas como exemplo), se aumentarmos a quantidade de barragens, bastaria aumentarmos na mesma proporção a quantidade de inspeções e / ou de inspetores. Haja aumento do tamanho do Estado! E vejam que – a todo momento – se repete que falta pessoal neste ou naquele órgão.

Não há nada mais ERRADO do que isso. A lógica de controle que funciona em uma dimensão não necessariamente funciona em outra.

O mesmo formulário de apontamento que funcionava para “controlar” o ponto de 100 pessoas, não necessariamente será eficaz e eficiente para 10.000 pessoas. Por isso, há poucos dias eu ainda compartilhava algumas considerações sobre O QUE cobrar. QUAIS ELEMENTOS o Estado precisa avaliar e as Organizações precisam atender.

Hoje, gostaria avançar um pouco mais e convidá-los a essa reflexão que pode ser necessária nesse momento em sua organização: PLANEJAR O CRESCIMENTO!

Todos, Organizações e Estados, precisamos identificar maneiras mais eficazes e eficientes de mantermos controle, mantermos riscos em níveis aceitáveis. Onde está a tecnologia para monitoramentos à distância?

Nessa linha, e para complementar a necessidade de mudarmos o mindset, queria também abordar o tema “investigação de acidentes de grandes proporções”. Ministérios Públicos, Polícia e Poder Judiciário possuem o nobre papel de identificar eventuais responsáveis e – se for o caso – puní-los.

Quem está estudando as causas de grandes acidentes para propor mudanças, seja em critérios para licenciamento, seja em questões técnicas de projeto, seja em como o Estado fiscaliza? Em geral, em muitos países, isso é feito através de “comissões de investigação independentes”. Não podemos pretender estar no século XXI com práticas de gestão extremamente ultrapassadas.

Precisamos nos MODERNIZAR!

De maneira muito precisa, Luiz Fernando Oliveira abordou essa questão em artigo que publicou no site da ABRISCO (Associação Brasileira de Análise de Risco, Segurança de Processos e Confiabilidade). Diz ele, “o objetivo de uma comissão independente não é o de encontrar os culpados do acidente, mas sim o de tentar identificar, da forma mais precisa possível, as causas básicas do acidente e do seu desfecho catastrófico, visando unicamente extrair o máximo de aprendizado possível (lições aprendidas) com a análise do acidente e fazer recomendações visando a não repetição do mesmo no futuro”.

Enquanto não PLANEJARMOS NOSSO CRESCIMENTO e ANALISARMOS TECNICAMENTE catástrofes buscando evitá-las, vamos continuar, aos trancos e barrancos, com Boates Kiss, Mariana, Museu Nacional do Brasil, Brumadinho, …

  • Rogério Campos Meira é Diretor Executivo da Academia Tecnológica de Sistemas de Gestão, um “think tank” em Sistemas de Gestão, e é um expert reconhecido internacionalmente em temas como Riscos, Compliance e Auditorias de Sistemas de Gestão.

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